Recentemente, um estudo realizado em Boston trouxe à tona uma descoberta promissora sobre o papel da fibra na eliminação de substâncias químicas conhecidas como PFAS (substâncias per- e polifluoroalquil). Essas substâncias, frequentemente encontradas em utensílios de cozinha antiaderentes e embalagens de alimentos, são notórias por não se degradarem naturalmente no ambiente e se acumularem no corpo humano, aumentando o risco de várias doenças.
Os pesquisadores investigaram o efeito de um suplemento de fibra, especificamente o beta-glucano, presente em alimentos como aveia e cogumelos, na redução dos níveis de PFAS no organismo. Os resultados indicaram que a ingestão regular desse tipo de fibra pode diminuir a presença dessas substâncias tóxicas no sangue, oferecendo uma potencial estratégia para mitigar seus efeitos nocivos.
Como a fibra auxilia na eliminação de PFAS?
Pesquisas mostram que a fibra pode ajudar na eliminação do excesso de bile do trato digestivo, uma vez que compostos como os PFAS tendem a se ligar a essa bile. Ao impedir que a bile seja reabsorvida pelo organismo, a fibra facilita sua excreção, levando consigo as substâncias químicas indesejadas. Isso é particularmente relevante, já que essas substâncias são conhecidas por se acumularem em órgãos vitais, aumentando o risco de falência orgânica e certos tipos de câncer.
No decorrer da pesquisa, foi observado que participantes do sexo masculino que ingeriram um suplemento contendo beta-glucano três vezes diariamente experimentaram uma diminuição de 8% nas concentrações de duas substâncias PFAS potencialmente prejudiciais: o ácido perfluorooctanoico e o ácido perfluorooctanossulfônico. Esses compostos são frequentemente usados em espumas de combate a incêndios e repelentes de manchas, sendo classificados como carcinogênicos por organizações internacionais.
Quais são os benefícios adicionais da fibra?
Além de ajudar na eliminação de PFAS, a fibra é amplamente reconhecida por seus benefícios à saúde digestiva. Ela adiciona volume às fezes, facilitando sua agem pelo intestino e reduzindo o risco de constipação. Isso é crucial, pois fezes que permanecem por menos tempo no cólon diminuem a exposição a contaminantes nocivos, o que pode prevenir inflamações e o crescimento descontrolado de células, fatores associados ao câncer de cólon.
No entanto, apesar desses benefícios, a maioria dos americanos não consome a quantidade diária recomendada de fibra, que varia entre 22 a 34 gramas. Isso representa um desafio adicional na luta contra as doenças relacionadas aos PFAS e outras condições de saúde.

O que mais é necessário saber sobre PFAS?
Os PFAS são contaminantes comuns em muitos itens domésticos, desde utensílios de cozinha até embalagens de alimentos. Eles podem permanecer no ambiente e no tecido humano por anos, ou até décadas, antes de serem eliminados. A exposição a essas substâncias tem sido associada a uma série de problemas de saúde, incluindo câncer, asma, problemas de fertilidade, obesidade, defeitos congênitos, diabetes e autismo.
Embora o estudo tenha apresentado resultados promissores, os pesquisadores alertam que mais pesquisas são necessárias para entender completamente o impacto de diferentes tipos de fibra na redução dos níveis de PFAS. Além disso, o tempo de quatro semanas do experimento pode não ter sido suficiente para avaliar adequadamente a relação entre o consumo de fibra e a eliminação de PFAS, considerando que essas substâncias podem permanecer no corpo por até sete anos.
Quais são as considerações finais?
O estudo realizado em Boston oferece uma nova perspectiva sobre como a dieta pode influenciar a saúde, especialmente no que diz respeito à eliminação de substâncias químicas persistentes como os PFAS. A incorporação de fibras, como o beta-glucano, na dieta diária pode ser uma estratégia eficaz para reduzir a carga dessas substâncias no organismo. No entanto, é essencial que mais pesquisas sejam conduzidas para validar esses achados e explorar outras formas de combater a presença de PFAS no corpo humano.