VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Violência doméstica: Advogada afirma que há falhas nas políticas públicas

Em entrevista ao CB.Poder, Andréia Limeira Waihrich, especialista em violência doméstica e intrafamiliar, disse ainda que há escassez de programas para o combate à violência doméstica

Para a advogada Andréia Limeira Waihrich, há falhas nas políticas públicas voltadas a mulheres -  (crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)
Para a advogada Andréia Limeira Waihrich, há falhas nas políticas públicas voltadas a mulheres - (crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)

Casos de feminicídio voltaram a assombrar o Distrito Federal, com duas ocorrências desse crime no último fim de semana. Frente a esse cenário, o CB.Poder — realizado em parceria entre TV Brasília e Correio — desta segunda-feira (31/3) entrevistou a advogada Andréia Limeira Waihrich, especialista em violência doméstica e intrafamiliar e ex-presidente da Comissão de Violência Doméstica e Familiar da OAB-DF. 

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Para ela, esse cenário resulta não só de um ciclo de violência de gênero, mas também de falhas nas políticas públicas voltadas a mulheres. De acordo com a advogada,  a situação se torna ainda mais assustadora quando se leva em consideração que milhares de vítimas sequer chegam a denunciar seus algozes.

Na entrevista, foram mencionados dois casos de destaque. O primeiro foi o da absolvição, por falta de provas, do empresário André de Camargo Aranha, que havia sido acusado de estuprar Mariana Ferrer, de 23 anos. O outro foi o desfecho do caso Daniel Alves, no qual o jogador teve anulada pelo Tribunal Superior da Catalunha uma condenação por agressão sexual, também por falta de provas.

“Isso é muito grave. Temos resultados fora do Brasil, mas também temos muitos casos dentro do país, como no caso Mariana Ferrer. Ela foi vítima de uma violência grave e que pode trazer a ela transtornos durante toda a vida, mas que o Judiciário não teve esse olhar acolhedor a ela, enquanto vítima e, sobretudo, não deu a ela a segurança da palavra da vítima que é o que a lei estabelece”, availou.

Ciclo trágico

Andréia observou que o feminicídio, em grande parte dos casos, não ocorre de maneira isolada, mas faz parte de um padrão de abuso que se desenvolve ao longo do tempo. “A violência intrafamiliar começa com pequenos rituais, como desmerecimento da vítima e situações em que ele (o agressor) desacredita a palavra dela e mina sua autoestima. Quando a coloca nessa situação de vulnerabilidade, começa com a aplicação da violência que pode evoluir, por fim, ao feminicídio ", afirmou.

A advogada também comentou o perfil dos agressores. Na maioria dos casos, são companheiros ou ex-companheiros das vítimas, muitas vezes, com histórico de ciúme excessivo e comportamento controlador, e cuja visão sobre a mulher vem de família. "É muito comum que tenham famílias disfuncionais, onde o pai exercia papel de muito controle sobre a mãe e ele cresceu com esse entendimento de que a mulher é um objeto e, a partir daí, reproduz a violência”, completou Andréia.

postado em 31/03/2025 16:49
x