Brasília nasceu de uma visão que tinha na cultura um pilar fundamental. Se a arquitetura, o urbanismo e o desenvolvimentismo eram a base, a utopia do progresso associado ao que o Brasil tem de melhor culturalmente não ficava para trás. É para celebrar esse aspecto do nascimento da cidade que a exposição 65 anos de cultura, em cartaz a partir de hoje no Museu de Arte de Brasília (MAB), reúne fotografias de alguns dos nomes mais importantes na criação da cena cultural da cidade nas últimas décadas.
As 65 imagens selecionadas pelo Centro de Documentação e Memória (Cedoc) do Correio Braziliense têm como foco os atores da cultura na cidade. "São 65 personagens que, juntos, formam a identidade cultural de Brasília. Alguns viveram aqui a vida toda, outros não, mas todos têm uma identidade forte com a cidade, fizeram carreira aqui e foram inspirados por Brasília. É uma exposição sobre quem são as pessoas que fizeram o caldeirão cultural da cidade", explica Cilene Vieira, curadora e gerente do Cedoc.
A mostra faz parte da programação do Brasília Photo Show, que ocupa o MAB até 31 de maio com exposições, workshops, palestras e rodas de conversas sobre fotografia. "É muito importante essa exposição dentro do nosso espaço, porque o projeto tem uma ligação muito forte com Brasília. Essa exposição vai conseguir mostrar o lado de grandes personalidades, grandes nomes da cultura brasileira, e reconhecer os talentos que, muitas vezes, as pessoas nem sabem que são de Brasília", garante Rodrigo Nimer, diretor e produtor do Brasília Photo Show.
Mostrar os talentos brasilienses na área da cultura também pode ser, segundo Nimer, uma forma de estimular e incentivar os futuros artistas da cidade. "Muitas vezes as pessoas acham que tem que ser de São Paulo, do Rio de Janeiro, mas Brasília também tem uma tradição com bons fotógrafos e bons profissionais em todas as áreas, inclusive na cultura", garante. "As 65 imagens da exposição mostram personalidades da cultura, que ao longo de vários anos, tiveram sucesso internacionalmente. É realmente muito importante, muito bacana."
Os nomes foram selecionados em todas as áreas da produção cultural. Figuras incontornáveis como Athos Bulcão, nas artes plásticas; Claudio Santoro, na música; e Nicolas Behr, na poesia; não podiam ficar de fora. Há representantes de gerações mais recentes, como o cineasta José Eduardo Belmonte, o compositor Hamilton de Holanda, a companhia de comédia Melhores do Mundo, as bandas de rock Legião Urbana e Plebe Rude e os diretores de teatro Fernando e Adriano Guimarães. O desafio maior foi escolher os nomes que entrariam e deixar outros de fora, já que o Cedoc do Correio Braziliense tem imagens de praticamente todos os agentes culturais que fazem a cena de Brasília ser rica em todas as áreas. Segundo Cilene Vieira, o material é tão vasto que seria possível fazer uma exposição com mais de 300 personalidades da área.
O mesmo desafio de seleção foi enfrentado para montar Quando os brasilienses se encontram, em cartaz ao ar livre, na Praça dos Três Poderes, em frente à Casa de Chá. São 42 imagens que fazem parte do acervo do Correio e retratam momentos históricos em que as pessoas se juntaram para ocupar os espaços monumentais da capital. As duas exposições fazem parte de uma série de cinco idealizadas pelo Cedoc para mostrar ao público parte do acervo de mais de 6 milhões de imagens do Correio. "Queremos mostrar o quanto o acervo do Correio é rico em termos de conteúdo da história de Brasília", explica Cilene. "Como o Correio está aqui desde o início, ele é o diário da cidade. E não tem como falar da cidade sem pesquisar nesse acervo."
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Curadoria: Cilene Vieira e Severino Francisco.
Visitação até 31 de maio, de quarta a segunda, das 10h às 19h, no Museu de Arte de Brasília (MAB - SHTN Trecho 1, projeto Orla)