
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, afirmou nesta quarta-feira (9) que seu país busca um acordo com o Panamá para que os navios da marinha americana não paguem pedágio ao navegar pelo canal interoceânico.
Em visita ao Panamá, o chefe do Pentágono indicou que os Estados Unidos estão em conversações com a Autoridade do Canal do Panamá, o órgão autônomo que opera a via, sobre um acordo para que seus navios de guerra em "sem custo".
"Para nós era importante que, em momentos de contingência, nossas tropas possam ar primeiro e de graça. Agradecemos aos nossos parceiros panamenhos por estarem trabalhando conosco nisso", afirmou Hegseth em coletiva de imprensa.
Na véspera, o governo panamenho anunciou em um comunicado que, junto aos Estados Unidos, trabalhará em um acordo para "compensar o pagamento de pedágios e taxas" dos navios de guerra americanos.
O presidente Donald Trump reiterou que os navios da marinha americana pagam pedágios "onerosos" no canal, e por isso ameaçou "retomar" a via.
O canal foi construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914, mas ou às mãos do Panamá em 1999, após tratados assinados em 1977.
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Os tratados estabelecem que todos os navios pagam as mesmas tarifas com base em sua capacidade e carga transportada, independentemente do país de origem ou destino.
Mas qualquer acordo deve estar baseado em uma "fórmula apropriada" que respeite os tratados de 1977 e a Constituição panamenha, afirmou o ministro de Segurança do Panamá, Frank Ábrego.
"É preciso respeitar o Tratado de Neutralidade e a constituição política do nosso país, assim como nós respeitamos a constituição e as leis dos Estados Unidos ao entrar em qualquer tipo de negociação", declarou Ábrego em coletiva de imprensa conjunta com Hegseth.
Estados Unidos e China são os principais usuários dessa rota, por onde a 5% do comércio marítimo mundial.
Em fevereiro, o Departamento de Estado americano afirmou que o governo panamenho havia aceitado "não cobrar mais tarifas dos navios do governo dos Estados Unidos", o que foi desmentido pelo presidente do Panamá, José Raúl Mulino.
"Tenho que rejeitar esse comunicado do Departamento de Estado porque está baseado em uma falsidade (...) isso é intolerável", afirmou então Mulino.
Segundo dados da Autoridade do Canal, dos navios que cruzaram a via desde 1998, apenas 0,3% corresponde a navios de guerra ou submarinos americanos, o que representa um total de 25 milhões de dólares (R$ 151,5 milhões).
No ano fiscal de 2024, o canal teve receitas de quase 5 bilhões de dólares (R$ 30,3 bilhões).