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A feijoada que nos criou! O sabor de crescer com memórias da infância 4o5d5m
Cidade Nossa

A feijoada que nos criou! O sabor de crescer com memórias da infância 472c4s

Para Alexandre Liberal, os encontros dentro de casa, com a boa comida feita pela mãe, fez com que eles vivesse ao lado de amigos e familiares ótimos momentos 4c1u3q

Por Alexandre Liberal — Especial para o Correio  5l1a

Por muitos anos, a melhor feijoada de Brasília foi feita em um apartamento no sexto andar de um prédio em frente ao Eixo na Asa Sul. A mistura de carnes de porco com feijão preto e mil temperos fazia mais sucesso que as cervejas e caipirinhas, que, consumidas aos litros, tentavam desesperadamente acompanhar essa delícia. Os felizardos que viveram esses tempos jamais esquecerão e certamente sentem saudade da famosa feijoada da dona Cacilda. 

Para já deixar as coisas claras, os frequentadores eram amigos meus e dos meus irmãos. Dona Cacilda, minha mãe. E como quase toda história de um bom prato, o encontro familiar foi ganhando fama quando uma ou duas pessoas mais próximas iam filar um almoço de sábado lá em casa. O que para nós não ava de mais um fim de semana, para eles, era um encanto. Por vezes eram amigos dos meus irmãos; em outras, os meus. E daí o caldo engrossou, literalmente. Depois de um tempo, era comum termos trinta, quarenta pessoas espremidas na sala ou divididas nos quartos para curtir o evento.

Mas ele começava dias antes, com a seleção das carnes. Dessalgar é trabalho de sabedoria singular, lento, meticuloso, ele rege o sucesso ou o fracasso da peleja que virá. Não se pode tirar todo o sal, para não entristecer o paladar, muito menos fazer o pecado mortal de deixar com a mão pesada. No ponto certo é que está o início da alquimia, a beleza da culinária, um lugar que poucos alcançam, algo entre um e do Zico e uma música do Chico.

Já na manhã do sábado, a cozinha fervia antes mesmo de as as entrarem na conversa. Lava, limpa, corta, pica, separa, gela (sem cerveja não dá). Depois começava o refoga, mexe, cozinha, apura, campainha toca, abre a primeira, tem um caldinho aí, tia? E assim os trabalhos já seguiam um rumo certo.

A música era item obrigatório também. Já éramos uma casa musical, herança mantida até hoje, mas boa parte da minha cultura está encrustada nas veias numa amálgama de MPB, farofa, samba, feijão e carne seca (até o momento, nenhum cardiologista conseguiu me condenar por isso). O som acompanhava o evento, baixinho no início, acelerava com o molho de pimenta no feijão e atingia o máximo na quinta ou sexta rodada de caipirinhas.

O sol poente entrava na sala nesse momento de êxtase. A mesma janela onde acompanhávamos todos os eventos do Eixão, onde vi minha avó chorar pedindo bênçãos ao papa João Paulo II, que presenciou o corpo de Tancredo sendo levado pelos bombeiros, talvez no mesmo carro que mais tarde traria os campeões do mundo para o nosso jardim. Essa janela também era a moldura do evento que marcou nossa juventude.

Casais se formaram, casais se desfizeram, uns poucos levavam os filhos, que brincavam embaixo da mesa enquanto afastávamos os outros móveis para dançarmos. Aos mais sábios, que haviam reservado algum espaço, era concedida uma nova rodada, porque feijoada não é prato executivo que não se repete.

Ao final, nossos amigos, felizes pelo capricho e amor com que tudo era feito, saudavam dona Cacilda como a melhor cozinheira da cidade. Naquele momento, para todos nós, ela era mesmo.

Alexandre Liberal é engenheiro

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