{ "@context": "http://www.schema.org", "@graph": [{ "@type": "BreadcrumbList", "@id": "", "itemListElement": [{ "@type": "ListItem", "@id": "/#listItem", "position": 1, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/", "name": "In\u00edcio", "description": "O Correio Braziliense (CB) é o mais importante canal de notícias de Brasília. Aqui você encontra as últimas notícias do DF, do Brasil e do mundo.", "url": "/" }, "nextItem": "/opiniao/#listItem" }, { "@type": "ListItem", "@id": "/opiniao/#listItem", "position": 2, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/opiniao/", "name": "Opinião", "description": "Leia editoriais e artigos sobre fatos importantes do dia a dia com a visão do Correio e de articulistas selecionados ", "url": "/opiniao/" }, "previousItem": "/#listItem" } ] }, { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/opiniao/2025/05/7152965-margem-equatorial-a-polemica-errada.html", "name": "Margem Equatorial: a polêmica errada", "headline": "Margem Equatorial: a polêmica errada", "description": "", "alternateName": "Opinião", "alternativeHeadline": "Opinião", "datePublished": "2025-05-22T03:57:00Z", "articleBody": "<p class="texto"><strong>Guilherme Vinhas</strong> — <em>mestre em economia do direito pela Universidad Rey Juan Carlos, especialista em direito econômico pela FGV, autor do livro Fundamentos da transição energética</em></p> <p class="texto">A exploração de petróleo e gás natural na Margem Equatorial, localizada entre os estados do Amapá e Rio Grande do Norte, vem causando embates ferozes que envolvem diferentes atores: ministros de Estado, governadores, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), as empresas produtoras de petróleo e as organizações ambientais.</p> <p class="texto">A expectativa de um novo pré-sal, capaz de gerar riqueza numa região economicamente desfavorecida do Brasil e oferecer segurança energética para o país nas próximas décadas, é contraposta por ambientalistas que questionam os riscos de potenciais acidentes naquela área.</p> <p class="texto">Em meio a essa polêmica, chama a atenção a ausência de debates sobre o destino dos potenciais royalties e participações especiais a serem pagos pelas empresas que venham a produzir petróleo e gás natural naquela região. Tais recursos podem representar uma gigantesca contribuição do setor de exploração de petróleo e gás natural para o desenvolvimento sustentável da região, se forem corretamente investidos.</p> <p class="texto">Os valores são, potencialmente, significativos. Em 2024, por exemplo, foram pagos cerca de R$ 100 bilhões para a União, estados e municípios, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP).</p> <p class="texto">Idealmente, tais recursos financeiros devem ser utilizados em projetos estruturantes, que garantam a qualidade de vida dos cidadãos em um futuro no qual tais recursos não existirão. Isso porque o fluxo de recursos decorrentes do pagamento de royalties e participações especiais será reduzido de forma proporcional ao natural declínio da produção de petróleo e gás natural, até o momento em que a produção terminará e, com ela, o recebimento desses recursos.</p> <p class="texto">O investimento em medidas de adaptação às mudanças climáticas que tornem as cidades mais resilientes e seguras, bem como investimentos em saúde, educação, segurança, habitação e meio ambiente, são bons exemplos do uso responsável dos royalties e participações especiais. A transição energética, que demanda a produção de energia renovável em larga escala, é também um justo destino dos recursos advindos da produção de combustíveis fósseis, gerando postos de trabalho e um futuro mais sustentável.</p> <p class="texto">O estado do Espírito Santo e o município de Niterói (RJ) são exemplos a serem seguidos. Ambos criaram fundos soberanos com os royalties e participações especiais, de forma a promover o desenvolvimento regional por meio de investimentos estratégicos, proteger a economia local da volatilidade das receitas do petróleo e do gás natural, além de formar reservas para que as gerações futuras também possam ser beneficiadas por esses recursos. Tais fundos soberanos contam com regras claras e objetivas para a sua utilização, o que promove o seu uso racional.</p> <p class="texto">O desafio reside no fato de que nem todos os entes federativos investem os recursos com racionalidade econômica. A autonomia financeira dos governadores e prefeitos dá margem a decisões populistas e eleitoreiras que em nada contribuem para o desenvolvimento sustentável. O pagamento de auxílios em dinheiro sem critérios técnicos, o transporte público gratuito, a realização de obras faraônicas, o inchaço da máquina pública e até mesmo investimentos absolutamente esdrúxulos — como a ideia de comprar o SAF do Vasco (Sociedade Anônima do Futebol), divulgada nas redes sociais de um prefeito vascaíno — são exemplos de um paternalismo arcaico, infelizmente corriqueiro na política brasileira. A falsa prosperidade não melhora a qualidade dos serviços prestados à população, não desenvolve a economia local e não reduz as desigualdades sociais.</p> <p class="texto">A autonomia istrativa e financeira dos estados e municípios, prevista na Constituição Federal, impede que uma lei federal determine a destinação dos royalties e as participações especiais, podendo, quando muito, estabelecer diretrizes e mecanismos de estímulo ao investimento em temas como saúde e educação.</p> <p class="texto">Mais grave do que um potencial desastre ambiental na Margem Equatorial, a 570 km da foz do Amazonas, o sistemático desperdício de recursos públicos em um país com tantas carências é uma tragédia real e silenciosa que vale, até mesmo, a revisão do texto constitucional. Estamos perdendo tempo com a discussão errada.</p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/opiniao/2025/05/7149453-cop30-e-o-desmatamento-na-amazonia-e-cerrado.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2023/11/28/1_pri_2807_1202_l_21_cor_6778764-32687369.jpg?20250517204945" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>COP30 e o desmatamento na Amazônia e Cerrado</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2025/05/7148011-mudancas-climaticas-esforco-para-adiar-o-fim-do-mundo.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/05/17/pri_1905_opini-52199331.jpg?20250518193020" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Mudanças climáticas: esforço para adiar o fim do mundo </span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2025/05/7145671-pepe-mujica-o-jardineiro-da-utopia-latino-americana.html"> <amp-img src="/dapressmidia/CB/INT/2015/02/26/media/CBIFOT260220150942.jpg?20250513183417" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Pepe Mujica, o jardineiro da utopia latino-americana</span> </div> </a> </li> </ul> </div></p> <p class="texto"> <br /></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/03/12/1200x801/1_sonda_margem_equatorial_petrobras-47913108.jpg?20250312135520?20250312135520", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/03/12/1000x1000/1_sonda_margem_equatorial_petrobras-47913108.jpg?20250312135520?20250312135520", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/03/12/800x600/1_sonda_margem_equatorial_petrobras-47913108.jpg?20250312135520?20250312135520" ], "author": [ { "@type": "Person", "name": "Opinião", "url": "/autor?termo=opiniao" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } }, { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Correio Braziliense", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/_conteudo/logo_correo-600x60.png", "@id": "/#organizationLogo" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/correiobraziliense", "https://twitter.com/correiobraziliense.com.br", "https://instagram.com/correio.braziliense", "https://www.youtube.com/@correio.braziliense" ], "Point": { "@type": "Point", "telephone": "+556132141100", "Type": "office" } } ] } { "@context": "http://schema.org", "@graph": [{ "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Início", "url": "/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Cidades DF", "url": "/cidades-df/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Politica", "url": "/politica/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Brasil", "url": "/brasil/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Economia", "url": "/economia/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Mundo", "url": "/mundo/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Diversão e Arte", "url": "/diversao-e-arte/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Ciência e Saúde", "url": "/ciencia-e-saude/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Eu Estudante", "url": "/euestudante/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Concursos", "url": "/euestudante/concursos/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Esportes", "url": "/esportes/" } ] } 3hc3n

Margem Equatorial 4x1y2x a polêmica errada
Opinião

Margem Equatorial: a polêmica errada f5h3t

Mais grave do que um potencial desastre ambiental na Margem Equatorial, o sistemático desperdício de recursos públicos é uma tragédia real e silenciosa que vale, até mesmo, a revisão do texto constitucional 6p1f6l

Guilherme Vinhasmestre em economia do direito pela Universidad Rey Juan Carlos, especialista em direito econômico pela FGV, autor do livro Fundamentos da transição energética

A exploração de petróleo e gás natural na Margem Equatorial, localizada entre os estados do Amapá e Rio Grande do Norte, vem causando embates ferozes que envolvem diferentes atores: ministros de Estado, governadores, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), as empresas produtoras de petróleo e as organizações ambientais.

A expectativa de um novo pré-sal, capaz de gerar riqueza numa região economicamente desfavorecida do Brasil e oferecer segurança energética para o país nas próximas décadas, é contraposta por ambientalistas que questionam os riscos de potenciais acidentes naquela área.

Em meio a essa polêmica, chama a atenção a ausência de debates sobre o destino dos potenciais royalties e participações especiais a serem pagos pelas empresas que venham a produzir petróleo e gás natural naquela região. Tais recursos podem representar uma gigantesca contribuição do setor de exploração de petróleo e gás natural para o desenvolvimento sustentável da região, se forem corretamente investidos.

Os valores são, potencialmente, significativos. Em 2024, por exemplo, foram pagos cerca de R$ 100 bilhões para a União, estados e municípios, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Idealmente, tais recursos financeiros devem ser utilizados em projetos estruturantes, que garantam a qualidade de vida dos cidadãos em um futuro no qual tais recursos não existirão. Isso porque o fluxo de recursos decorrentes do pagamento de royalties e participações especiais será reduzido de forma proporcional ao natural declínio da produção de petróleo e gás natural, até o momento em que a produção terminará e, com ela, o recebimento desses recursos.

O investimento em medidas de adaptação às mudanças climáticas que tornem as cidades mais resilientes e seguras, bem como investimentos em saúde, educação, segurança, habitação e meio ambiente, são bons exemplos do uso responsável dos royalties e participações especiais. A transição energética, que demanda a produção de energia renovável em larga escala, é também um justo destino dos recursos advindos da produção de combustíveis fósseis, gerando postos de trabalho e um futuro mais sustentável.

O estado do Espírito Santo e o município de Niterói (RJ) são exemplos a serem seguidos. Ambos criaram fundos soberanos com os royalties e participações especiais, de forma a promover o desenvolvimento regional por meio de investimentos estratégicos, proteger a economia local da volatilidade das receitas do petróleo e do gás natural, além de formar reservas para que as gerações futuras também possam ser beneficiadas por esses recursos. Tais fundos soberanos contam com regras claras e objetivas para a sua utilização, o que promove o seu uso racional.

O desafio reside no fato de que nem todos os entes federativos investem os recursos com racionalidade econômica. A autonomia financeira dos governadores e prefeitos dá margem a decisões populistas e eleitoreiras que em nada contribuem para o desenvolvimento sustentável. O pagamento de auxílios em dinheiro sem critérios técnicos, o transporte público gratuito, a realização de obras faraônicas, o inchaço da máquina pública e até mesmo investimentos absolutamente esdrúxulos — como a ideia de comprar o SAF do Vasco (Sociedade Anônima do Futebol), divulgada nas redes sociais de um prefeito vascaíno — são exemplos de um paternalismo arcaico, infelizmente corriqueiro na política brasileira. A falsa prosperidade não melhora a qualidade dos serviços prestados à população, não desenvolve a economia local e não reduz as desigualdades sociais.

A autonomia istrativa e financeira dos estados e municípios, prevista na Constituição Federal, impede que uma lei federal determine a destinação dos royalties e as participações especiais, podendo, quando muito, estabelecer diretrizes e mecanismos de estímulo ao investimento em temas como saúde e educação.

Mais grave do que um potencial desastre ambiental na Margem Equatorial, a 570 km da foz do Amazonas, o sistemático desperdício de recursos públicos em um país com tantas carências é uma tragédia real e silenciosa que vale, até mesmo, a revisão do texto constitucional. Estamos perdendo tempo com a discussão errada.

 

Mais Lidas 1k3f19