
Em meio à repercussão do caso de gripe aviária registrado em uma granja comercial no Rio Grande do Sul — o que levou a suspensão das vendas de produtos avícolas brasileiros para diversos países —, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou nesta segunda-feira (19/5) que o consumo de carne de frango e ovos no Brasil segue seguro.
“Consumir o alimento não traz risco, portanto é importante ter a tranquilidade”, declarou o ministro durante coletiva de imprensa realizada na sede do Ministério da Agricultura, em Brasília.
Até o momento, nove parceiros comerciais suspenderam temporariamente as importações de frango brasileiro, entre eles China, União Europeia, Canadá e África do Sul, por decisão do próprio Brasil de interromper a certificação. Outros cinco países — Chile, Argentina, Uruguai, México e Coreia do Sul — comunicaram oficialmente a suspensão das importações.
Durante a coletiva, que contou com a presença de integrantes da cúpula do ministério, como o secretário-executivo adjunto, Cleber Soares, e o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, Fávaro reforçou a importância da transparência no monitoramento da gripe aviária. “o a o vamos estar informando dia a dia todos os casos, todas as investigações[...] isso que dá credibilidade ao sistema brasileiro”, afirmou.
Atualmente, há dois casos confirmados da doença: um em uma granja comercial em Montenegro (RS) e outro em um zoológico em Sapucaia do Sul (RS), onde cisnes foram infectados.
Dos seis casos inicialmente apontados como suspeitos, três já foram descartados: um em Nova Brasilândia (MT), outro em Gracho Cardoso (SE) e um em uma granja vizinha ao foco inicial, também localizada em Montenegro (RS). Permanece a investigação sobre os focos em Aguiarnópolis (TO), Ipumirim (SC) e Salitre (CE), com previsão de divulgação dos resultados ainda nesta terça-feira (20).
Apesar do impacto nas exportações, o ministro vê uma oportunidade estratégica para o Brasil. “Na medida que a gente conseguir mostrar que o sistema brasileiro é robusto, é possível que os países parceiros possam aderir o protocolo regionalizado.”, explicou Fávaro. Ele citou como exemplo positivo os acordos em construção com China e Arábia Saudita, e os protocolos já firmados com Japão e Reino Unido.
Com relação ao risco de contaminação humana, o ministro disse existe um protocolo específico. "O maior risco de contaminação ao ser humano é de quem manuseia. Os colaboradores da granja do foco estão isolados em processo de monitoramento. Não temos reportes de outros casos", disse. Ele destacou que a transmissão por ingestão é improvável: “Ninguém vai consumir carne de frango crua, nem ovos crus porque tem outros riscos, salmonella etc. (Portanto), é muito seguro continuar consumindo.”
Sobre as ações de contenção, Fávaro detalhou que, se após 28 dias da confirmação do foco não houver novos casos, o Brasil poderá se autodeclarar livre da gripe aviária. “Se não teve nenhum outro caso, nós podemos nos autodeclarar livres da dependência. Começa um reconhecimento”, afirmou.
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Por ora, segundo o ministro, ainda não há necessidade de reforço orçamentário para lidar com a emergência. O país, que exporta para cerca de 160 nações, continua a dialogar com parceiros comerciais para evitar o alastramento da suspensão das exportações. Até o momento, 11 países se manifestaram oficialmente sobre o tema.
Fávaro concluiu destacando o compromisso do governo com a segurança alimentar e a solidez do sistema de vigilância sanitária. “Estamos fazendo isso desde 2023, com muita seriedade, com muita transparência.”